Jussara Lucena, escritora

Textos

A Copa no País das Maravilhas

No dia 12 de junho de 2014, às 17 horas será dado o ponta-pé incial para a Copa do Mundo. Serão decorridos 2.417 dias desde o anúncio pelo Presidente da FIFA de que o Brasil seria o País Sede. Tempo equivalente a mais de um mandadato e meio de um governante no Brasil.
Eventos como a Copa e as Olimpíadas são objeto de cobiça de vários países, sonhos de muitas cidades, funcionando como alavancadores da economia e como ferramenta de markting.
Os recursos destinados a Copa do Mundo de 2014 são da ordem de R$ 25,65 bilhões, equivalentes ao orçamento destinado pelo Governo Federal à educação básica em 2014 ou as receitas de São Mateus do Sul pelos próximos 210 anos.
Desse montante, 31%, cerca de R$ 8 bilhões, foram destinados aos estádios. O restante para obras em aeroportos, desenvolvimento turístico, mobilidade urbana, portos, segurança pública e telecomunicações. Os números e o andamento das obras sinalizam que além dos estádios pouca coisa sera concluída.
Espera-se de uma nação que os interesses dos cidadãos sejam colocados em primeiro lugar. É justo cumprir o acordo firmado com a FIFA, porém, ansiávamos pelo mesmo empenho na conclusão das obras de infaestrutura. Tivemos tempo, porém, falhamos no planejamento, sofremos com questões burocráticas e conflitos de interesse, além de conviver com a falta de produtividade.
Cada um de nós paga, além dos impostos, taxas pelo uso da infraestrutura, que deveriam ser revertidas em locais com serviços de qualidade internacional, requerida não somente para os megaeventos. Estamos perdendo grande oportunidade para eliminar-mos os nossos passivos e a partir daí fazer-mos uma gestão diferenciada.
A imagem do país também é importante para a conquista de investimentos externos e ganhos com a indústria do turismo. Como os visistantes nos enchergarão quando encontrarem aeroportos mal cuidados e muita dificuldade para se chegar a qualquer lugar?
Só reclamar ou criticar não faz sentido, assim, é importante resgatar o conceito de cidadania: o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. O cidadão não tem só direitos, também tem deveres e no cumprimento deles deve ser ativo não apenas contemplativo, omisso. Precisa agir! Os problemas da cidade são de todos.
Em 1941 um judeu-austríaco, Stefan Zweig, ameaçado pela da 2.ª Guerra Mundial, intitulou o Brasil o “País do Futuro”. Um belo exercício de cidadania seria transformar esse sonho de 63 anos em realidade, fazendo dele um País de Oportunidades, não do assistencialismo, ou do fisiologismo político.
Quando uma casa começa a ruir não adianta aplicar o melhor revestimento nas paredes, é preciso reforçar as bases. No Brasil o reforço e necessário na infraestrutura, segurança e saúde, mas, principalmente, na educação, na solidificação de valores. E é na escola que fundamentaremos o nosso presente para um futuro promissor. Nas urnas podemos fazer boas escolhas e 2014 nos trará mais esta oportunidade.

Adnelson Campos
08/03/2016

 

 

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